quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Mais um ano

Mais uma ano.... a vida e seus marcos.

Como um dos elementos sem registro em si, o tempo pede que sua passagem seja inscrita, marcada, tatuada. E ele tem suas forma próprias de fazer-se notar: em nossas rugas - sempre menores do que a dos outros que não vemos há tempos (as doces ilusões!) - em nossos cabelos, cada vez mais brancos ou ausentes, em nossas lembranças, cada vez mais extensas, em nossas saudades, cada vez maiores!

E a cada marco revisitamos essas lembranças, esse afetos, essas saudades, as fotos em nossas mentes de momentos que se foram, de pessoas que nos deixaram, de histórias com as quais a vida nos brindou, e das quais o tempo nos separa. É uma separação estranha e de difícil assimilação: as lembranças estão vivas, mas não podem ser revividas, as pessoas podem sem lembradas em todas as suas faces, em seus jeitos, seus sorrisos, sua atitude, e chegam até a comandar muitas de nossas ações, pelos ensinamentos e pela autoridade, na melhor - e mesmo na pior - definição da palavra. Mas ainda que tão presentes e definitivamente marcantes em nossos rumos e ações, não podemos ouvi-las, toca-las, agradecer pelos conselhos, queixar seu rigor, beijar suas faces, sentir seu afago em nossos cabelos, os mesmos que o tempo nos deu, para um dia poder levar.

Esse ano levou de nosso convívio uma pessoa que eu não conheci desde criança, que não me ensinou a andar de bicicleta, que não acompanhou meu crescimento, mas que amei como se tudo isso fosse também mais uma lembrança. Ela aprendeu, nos últimos anos, a soltar o riso, a brincar com a vida (que dela escapava um pouco a cada dia), a brindar os momentos, a se apoiar em nossos braços.

Ela contou conosco e pediu nossa ajuda. Deixou-se conduzir e se entregou aos nossos cuidados, como um filho faz com uma mãe, ainda sem saber o que está fazendo. Mas ela era a mãe, e brindou minha esposa com os anos mais intensos, difíceis e ricos das nossas vidas! Não faltou uma taça de vinho, uma gargalhada, um gesto em nossa direção, uma aprovação em seu olhar, um "choppinho" pra comemorar.

A dor da sua ausência é imensa e irreparável, e tem em sua lembrança o único e mágico elixir.
Ao passar esse marco do final de 2011, nossos pensamentos e nossos corações estarão atravessados pela mistura do vazio de sua ausência e da alegria de suas lembranças, tão vivas e presentes, e tão inexoravelmente guardadas nas gavetas do senhor tempo.

Minha sogra, mãe da minha querida esposa, você continua conosco enquanto o tempo nos deixar existir. Muito amor!