E a política?
Tenho escrito nesse blog já há
algum tempo, e por algum motivo (posso pensar em vários, mas prefiro não perder
o foco), não escrevi nada de conteúdo político. Importante dizer que a política
é a atividade humana essencial... não existe o famoso “sou apolítico”, pois se
eximir de uma posição já é uma forma de se posicionar. Em um mundo e um país
“teoricamente” democrático, expressar posições e partilhar reflexões é um
exercício de cidadania, senão uma obrigação de cidadão. Sim, entendo que ser
cidadão é dizer abertamente no que se
acredita, em quem se acredita, o que se
espera, criticar e propor soluções, e partilhar suas posições diante de outros
votantes cidadãos, que acostumados a, como eu, apertar os botões da “aclamada
urna eletrônica”, nem sempre o fazem por um motivo à altura do que esse
“pequeno grande” gesto representa.
Tenho expressado, em doses
pequenas e de forma um tanto dispersa, um claro desagrado com os rumos que vêm
sendo traçados e levados adiante desde a eleição do nosso primeiro “presidente
operário” e que, em função de uma crise econômica, sobre a qual cabe me
estender um pouco mais, ficam ainda muito mais evidentes na vigência do mandato
da atual presidente da nossa república.
Começo com uma pequena reflexão
sobre os nossos recentes milagres: da estabilidade econômica (herdada de gestão
anterior) ao “espetáculo do crescimento” (acidental e insustentável, como as
evidências começam a explicitar), passando, com o devido destaque, pela crise
financeira mundial que, segundo o então presidente da nossa república, foi
causada pelos homens brancos de olhos azuis. Esse senhor, que despertou a
curiosidade do mundo por sua incrível trajetória pessoal e política, jamais se
vexou ao verbalizar pérolas que, em outros tempos, teriam causado horror nos
meios de comunicação e na sociedade civil. Entorpecidos pelo romance que
representava a ascensão de um homem simples e de poucos recursos (e ressalto
que esses poucos recursos, no que diz respeito aos seus aspectos financeiros,
são assunto de um passado remoto, e não têm nenhuma relação com a situação
atual do senhor de codinome Lula e sua afortunada família) ao cargo mais alto
do Poder Executivo de nossa multicultural nação brasileira, perdemos o senso
crítico e deixamos que nossa capacidade crítica fosse eclipsada pelo romance.
Seria empolgante escrever ou ler a biografia do senhor Lula, mas tê-lo como
Presidente e acompanhar a luta pela manutenção de um claro projeto de poder
elaborado e cuidadosamente colocado em prática pelo Partido dos Trabalhadores é
um outro assunto, de implicações desastrosas e grande ônus ao nosso país. E para
quem ainda não percebeu, digo nossa república, nosso país, pois é disso que se
trata... nem um milímetro a menos do que a afirmação inequívoca de que essa
terra é nossa, dos cidadãos que, ao se calar, consentem com o que concordam
(nenhum problema nisso) e com o que discordam (e aí o problema é evidente!).
Pois me vejo mobilizado a seguir
com alguns episódios recentes, que podem parecer se tratar de uma questão
apenas – a segurança pública, já me adianto – mas falam de muito mais coisas:
são a expressão clara de uma nação que perdeu a voz e o respeito, que não tem
representação política e ativismo, que está embriagada ou aturdida por um
descalabro que já não parece ter início, e muito menos fim. Cito 3 episódios
recentes na história de São Paulo: 3 latrocínios (roubos seguidos de morte)
onde o fruto do assalto havia sido entregue aos criminosos e nenhuma reação foi
esboçada, mas aqueles, os criminosos, mataram suas vítimas após obter o fruto
de sua investida. Mataram por que? Porque para eles não faz a menor diferença!
Mataram porque não têm qualquer respeito pela vida e pelo outro, e porque
sequer o sistema penal, leniente e ultrapassado, inibe com rigor esse tipo de
ação. Ressalto também que uso a palavra criminosos, porque é essa a que define
o que são e fazem e porque, em nossa sociedade precária mas preocupada com um
discurso politicamente correto, tem sido desastrosamente substituída, como
lamentável fruto de análises banais e supérfluas, por outras, que exibem suas
tendências e irresponsabilidade pela via de um discurso pseudo intelectual
acadêmico – vítimas do sistema, excluídos, minorias, e outras formas de
ideologia que pregam a desigualdade (injusta, com certeza!) como origem de
todos os males. Eu diria que, no mínimo, essas pessoas nunca ouviram falar do
país com a segunda maior população do planeta, a Índia, que convive com um
nível de miséria terrível e um índice de violência extremamente baixo.
Vivemos em um
país rico ou em um país carente, afinal? Segundo o senhor Lula, vivemos na
Suíça em franco processo de formação. Imagino que a “unidade partidária” e a
atual Presidente também concordem com essa leitura. Na minha opinião, não menos
importante, de um cidadão pleno de suas capacidades mentais e críticas, embora
branco e de olhos azuis (devo pedir desculpas por isso??), vivemos e estamos
construindo um país cada vez mais carente: de educação, de infra estrutura, de
educação elementar, de saúde (são essas as obrigações do Estado) e de valores
morais, de respeito, de dignidade, de seriedade, de compromisso, de um quadro
político minimamente decente e comprometido com seu mandato. E paro para mais
uma pequena reflexão: a palavra “mandato” indica que esses senhores e senhoras,
eleitos pelo povo, são seus representantes e exercem em seu nome (da população
civil) um mandato... são mandatários de uma vontade popular e sua obrigação é
lutar por esse mandato; nada mais, nada menos! Políticos de carreira, comuns no
Brasil, são um desastre, uma distorção lamentável de uma herança, e por que não
dizer, de um Estado caudilho que não faz senão legislar em causa própria... sem
vergonha, sem pudores, sem explicação.
E nós seguimos calados,
vitimados, violentados, empobrecidos em nossa mobilidade, em nossa segurança, em
nossa dignidade. Temos nosso trânsito reduzido aos poucos lugares em que nos
sentimos seguros (e nunca estamos), diante de uma polícia insuficiente, mal
equipada, mal treinada e levada ao limite da impotência (e do descaso) diante
de sua única obrigação, que é garantir que possamos, com o fruto do dinheiro
que conferimos ao governo em suas esferas municipais, estaduais e federal, ter
nossa liberdade de ir e vir assegurada. Mas nem ir, nem vir, nem bem ficar em
lugar algum, pois as estatísticas não impressionam mais, não inibem, não
condenam criminosos, mas aprisionam uma população civil desarmada, inerte e
institucionalmente indefesa. Cada morte violenta que, por algum motivo,
mobilize a mídia, gera protestos, passeatas, gritos por paz jogados à arena dos
lobos, famintos por sangue e dinheiro. Sempre que isso acontece, vemos um
familiar enlutado e destruído em sua dignidade perguntar: “quantos mais terão
que morrer para que algo mude?”. Pois a resposta que temos recebido em posição
inequívoca de nossas “autoridades” é “pouco importa!”. Não há qualquer mudança
de curso, proposta de ação, debate dos setores responsáveis sobre que
providências tomar, como tratar de problemas que exigem uma resposta: ampla,
enérgica, imediata!
Sim, estou revoltado! Sinto-me
invalidado, destituído de minhas conquistas, seguidamente ludibriado por um
país que, apesar das promessas, não deu qualquer indício de ser o país do
futuro. Mas levanto minha voz, minha palavra, minhas ações. Não vou morrer
quieto em um sinal fechado ou passeando com minha esposa e meu cachorro. Vou
gritar mais alto e mais longe e convido quem quiser a erguer também sua voz.
Adorei!
ResponderExcluirEntão solte a voz você também!
Excluirabraço,